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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Eu aprendi

Essa árvore fica em frente a minha casa e floriu no dia que voltei do hospital


O primeiro dia foi tranquilo, era uma manhã agradável de domingo e eu não estava ansiosa, acordei cedo, tudo já estava preparado.Tomei meu café da manha como de costume depois fomos para o hospital, eu estava esperando por essa internação desde agosto, quando descobrimos o problema.
O hospital estava vazio, nunca havia visto aquele hospital vazio. Em menos de quinze minutos eu estava no meu quarto, não havia ninguém no quarto, sentei-me sobre a cama, respirei fundo e disse “começou o princípio do fim mãe”, ela sorriu. Logo uma moça gentil nos deu café com leite, mamãe e eu ficamos ali, sem saber exatamente o que dizer uma para a outra. As 15 horas uma outra paciente foi internada no mesmo quarto que eu, ela parecia ser gentil e simpática, eu converso com muita facilidade com pessoas desconhecidas e logo mamãe a senhorinha e eu estávamos rindo e brincando.
As 18 horas nos trouxeram janta, comida de hospital não é fácil, e lá veio a enfermeira, “boa noite Ana” aquele sorrisinho de boas vindas escondia uma seringa, foi a primeira de uma série de injeções que tomei aquela noite, meu braço está roxo até agora.
No segundo dia a moça que traz café da manhã me acordou as 5:30. E lá veio mais injeções, a segunda feira foi tranqüila, eu não estava ansiosa, estava sorridente, brincando bastante, fui dormir, 22 horas,
Na terça feira, sete da manhã um homem vestido de verde veio me buscar para a cirurgia, eu fui até o bloco cirúrgico rindo e brincando. Eu não me lembro mas mamãe diz que eu quase morri. Eu to em casa, foi difícil, e acredito que relatar aqueles momentos não me acrescenta em nada, eu senti dor, medo, normal né!
O que eu quero mesmo que vocês saibam é o que eu aprendi com isso tudo.
Eu aprendi que o mundo não gira tão rápido quanto eu achei que girasse;
Eu aprendi que as pessoas podem ser confiáveis;
Eu aprendi que posso ter amigos, que eles vão me decepcionar as vezes mas que nem por isso vão deixar de ser meu amigos;
Eu aprendi que as coisas não são tão difíceis quanto parecem, meu medo é que dificulta tudo;
Eu aprendi que o sol nasce pra todos mas que nem todos apreciam sua majestade;
Eu aprendi que nem todo mundo sabe dizer eu te amo mas que isso não significa que elas não amem;
Na quinta feira eu voltei pra casa, eu estava nervosa, com medo do que iria encontrar fora do hospital, não foi difícil chegar em casa, todos me receberam sorrindo, felizes por eu estar bem, mamãe me levou até o quarto e eu tentei dormir, eu me acordei chorando, assustada, havia um sentimento em mim, algo que eu desconhecia, algo que eu não sabia explicar o que era, mamãe segurava firme minha mão, chorar fazia os pontos doerem. Pedi que mamãe me deixasse sozinha.
“Ele”, meu amigo, me disse “calma, o nome disso é felicidade.”
Eu sorri, felicidade, aquilo era felicidade, eu nunca havia expressado isso antes, felicidade é aquela sensação de vitória, de euforia, de alegria, eu estava aliviada, estava exausta mas estava feliz.
Eu sou uma mulher muito feliz.
E eu quero agradecer a cada um de vocês que me apoiaram, que me deram força, que me aturam quando eu tive medo de ter câncer, que me abraçaram quando eu tive medo de não dar conta, muito obrigada a cada um de vocês que torceram, que  se preocuparam, que oraram, que rezaram, que acreditaram e que me disseram vai dar tudo certo, a força de vocês foi a minha força. Eu não tenho câncer, eu não tenho mais aquele tumor, mas eu aprendi que tenho cada um de vocês, e isso meus amigos é que se chama felicidade, esse sentimento de euforia, de alegria, essa vontade incontrolável de chorar, esse alivio, essa vontade de beijar e abraçar vocês um por um, isso é felicidade. Vocês me ensinaram isso, muito obrigada. Não posso deixar de agradecer a minha família, que me ajudou, que me sustentou, que me abraçou. Muito obrigada a todos vocês enviados de Deus, muito obrigada.

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